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Há um novo miradouro em Ponta Delgada – e dali vê-se o mundo inteiro


Foto @Rui Soares 

Não são muitos os degraus, menos de uma dezena, mas elevam-nos bem acima da terra ali mesmo em frente àquele mar tão azul, na freguesia de Santa Clara, em Ponta Delgada, São Miguel, Açores. Durante o Festival Walk & Talk, que levou à ilha mais de 80 criadores de várias áreas, o arquiteto do Porto Nuno Pimenta construiu ali o miradouro Two Manifolds, uma peça em betão e madeira de criptoméria que, na verdade, são duas diferentes.

Em baixo, três bancos de betão, que formam um triângulo, permitem-nos ficar sentados em contemplação da paisagem que nos rodeia. É a parte permanente deste miradouro, capaz de enfrentar os ventos fortes e as ondas do mar que galgam a terra no inverno. Será, sublinha Nuno Pimenta, “a memória desta peça”, que aqui ficará contra vendavais e tempestades. Por cima, uma estrutura em madeira, que pode ser guardada nos meses mais agrestes para depois voltar com o bom tempo, elevada por longas pernas do mesmo material. Uma “caixa” de três pontas, que funciona como um varandim, a olhar em três direções diferentes (tal como, em negativo, os três bancos de betão em baixo): para o mar, para o porto de Ponta Delgada, de onde saem os barcos mundo fora, e para o Luxemburgo, país que marca o centro da Europa.

A ideia para o miradouro Two Manifolds, explica Nuno Pimenta, 31 anos, surgiu do conceito de ultraperiferia e da situação geográfica de Ponta Delgada, “na costa sul da ilha, de costas para a Europa”, descreve. Inspirado nas grandes pedras tetrápodes que há por lá a tentar impedir a força do mar, o arquiteto quis estender ainda mais essa ultraperiferia, criando um miradouro que nos eleva e nos deixa ver mais além. Ali, mesmo em cima do oceano, esse caminho tantas vezes sonhado para sair da ilha, em busca de vida melhor.

“É uma peça de caráter introspetivo. Gostava que as pessoas ali fossem e a descobrissem, que não fosse previsível”, diz Nuno Pimenta, que, no seu trabalho, tem vindo a articular arte e arquitetura. O arquiteto já em 2013 tinha participado no Festival Walk & Talk, com a construção de um carrossel amarelo feito de carrinhos de supermercado. “O que parece permanente pode ser para sempre temporário”, escreveu, como introdução a Two Manifolds. Em Santa Clara, ali na ultraperiferia, há agora uma nova forma de ver o mundo – mesmo que, um dia, o mar leve o miradouro que lá está.

Fonte: Visão

1 comentário:

  1. belo sitio pro pessoal ir fumar, tomar xanaxs e beber lean, a ver o mundo todo, finalmente fazem um spot discreto!

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