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Açoriana vence prémio de jornalismo com texto sobre estudar “lá fora”


“Imagine que emigra, em busca de uma vida melhor. Há que deixar certas coisas para trás, certo? Eu fui obrigada a fazê-lo - obrigada não por não querer vir, mas por deixar tudo o que construí em 17 ou 18 anos de vida em standby’. Clara está em Coimbra há 5 anos. É estudante e, tal como umas centenas de outros estudantes, é das ilhas”. Este é um dos primeiros parágrafos da reportagem que venceu o Prémio de Jornalismo Adriano Lucas 2016. É assinada por Duarte Melo. Mas Duarte Melo é, na verdade, o pseudónimo de Catarina Fernandes, natural do Porto Martins, Praia da Vitória. E Clara não é Clara. É a própria Catarina Fernandes. A terceirense venceu o prémio jornalístico com um texto escrito sobre a sua própria experiência, que é a de tantos outros estudantes que fizeram as malas e voaram para as universidades do Continente ou do estrangeiro.
“Os ilhéus em Coimbra” foi o segundo texto com que Catarina Fernandes concorreu a este galardão. No ano passado, o namorado falou-lhe do prémio e incentivou-a a participar. Escreveu um conto sobre Coimbra e não ganhou, mas nesta edição decidiu apostar no formato reportagem.
O Prémio de Jornalismo foi instituído pelo “Diário de Coimbra” e pela Câmara Municipal e Universidade de Coimbra em homenagem ao director “in memoriam” do jornal, com um valor de 1500 euros.
A jovem de 22 anos tirou o curso de Línguas Modernas - Inglês e Alemão e encontra-se a realizar o mestrado em Tradução de Português/Inglês e Português/Alemão, mas não coloca de parte uma carreira no jornalismo. O ideal seria dedicar-se ao género reportagem, diz.
O futuro pode passar pelo regresso à ilha, mas apenas quando a estudante alcançar a estabilidade que o permita.
Por agora, a família não podia estar mais feliz com a notícia. “Ficaram todos muitos orgulhosos, e a minha mãe até chorou quando leu o texto”, conta.
E como foi seguir um estilo jornalístico, quando, no fundo, a entrevistada era ela? E a jornalista também. “Acho que para mim até foi mais fácil porque eu é que pensava nas respostas que achava que iam ficar bem na reportagem. E como é sobre algo que eu conheço bem tornou-se mais simples e fluiu melhor”, explica.
Para Catarina Fernandes, a reportagem pretendeu transmitir o sentimento que transportam os estudantes açorianos ao longo dos anos de faculdade. “No fundo é o sentimento de saudade, do mar e das pessoas”, resume.
Na reportagem, escreve: “A grande questão de todos os ilhéus é: quando partirem, nunca irão voltar ao que já foram. ‘Empacotar uma vida, embora curta, não é fácil. Temos de fazer escolhas - o que é importante, o que pensamos ser importante e o que já não o é. E o que deixamos para trás deixa de ser nosso´”.

Fonte: Correio dos Açores

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