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Açoriano ruma à ‘Sala do Trono dos Reis da Montanha’



Durval Faria iniciou a caminhada até ao Campo Base do K2, a segunda montanha mais alta do Mundo, situada nos Himalaias. Quase 21 dias para subir até perto de 5150 metros de altitude

“Chegar lá já é uma aventura”. “Lá” é o Campo Base do K2, a segunda montanha mais alta do mundo, localizada nos Himalaias, na fronteira entre a China e o Paquistão. A “aventura” é de Durval Faria, o micaelense de 50 anos que é bancário de profissão e que este fim de semana pegou na mochila e, juntamente com três amigos, se propõe a chegar aos 5150 metros de altitude.

Uma aventura que está já em marcha - na altura desta publicação, o quarteto formado pelos continentais Rodrigo Nascimento, José Alberto Moura e João Moura já está em Skardu, cidade paquistanesa que serve de ponto de entrada à cordilheira Karakoram - mas que começou há oito meses a ser preparada. Quer dizer, em abono da verdade, começou bem antes.

“O K2 sempre foi uma montanha do meu imaginário, uma montanha intrigante”, explicou ao Açoriano Oriental dias antes de partir para Lisboa. Dos documentários feitos por Sir David Attenborough para a BBC - de quem se confessa fã pela “paixão e emoção com que descreve este local do planeta” - Durval Faria prepara-se para cumprir com uma tarefa hercúlea. “Este ‘trekking’ está referenciado como um dos mais extenuantes do planeta, especialmente pela necessidade de autonomia completa e pelas grandes amplitudes térmicas durante o trajeto e a permanência”.

Burocracia resolvida, que envolveu falar com a embaixada do Paquistão em Lisboa para obter o visto de entrada, a aventura implicou outros preparativos. Apesar de não atingirem o cume do K2 que, do alto dos seus 8611 metros, só é permitido aos mais destemidos e experientes alpinistas, o quarteto irá estar numa zona onde o oxigénio rondará os 50 por cento. A “Sala do Trono dos Reis da Montanha”, como é conhecido pela imponência da cordilheira de montanhas que aí podem ser observadas, exigiu uma preparação física - “não tanto quanto desejava” - e mental. As longas caminhadas até 30/ 40 km por dia com carga custaram mas fizeram-se. Mais custoso será adaptar a mente ao que lhe espera. “A partir de um determinado momento, o corpo irá pedir para descer, a mente irá contrariar este sentimento e puxar o corpo para cima. É uma superação constante. Costumo dizer que querer ir já é meio caminho, mas aqueles dois, três dias iniciais, e até à primeira etapa de aclimatação, serão terríveis (sorriso)”.

O ‘Mal de Altitude’, isto é, os efeitos da altitude no corpo humano (exposição aguda à baixa pressão parcial de oxigénio) e a amplitude térmica - “as temperaturas podem oscilar entre os 30 e muitos graus e os 10 graus negativos ou menos” - são os maiores desafios que vão encontrar. Mas não só: o transporte de água e alimento será feito pelo quarteto e a comunicação através do telefone satélite ficará dependente das condições climatéricas e da orografia das montanhas. “Em montanha nada é previsível. As condições meteorológicas mudam muito rapidamente, termos de estar preparados e em autonomia para qualquer eventualidade”, alerta.

Mas tudo valerá a pena: na mochila, Durval Faria leva a bandeira açoriana que pretende hastear a 12 ou 13 de julho no Campo Base do K2. “Estou em crer, não consigo confirmar, julgo ser a primeira vez que a bandeira dos Açores percorrerá aquele local do planeta. Será um orgulho”.


“Montanha Selvagem” só perde para o vizinho Everest


Também conhecido como monte Godwin-Austen, Chogori, Dapsang ou Qogir Feng, o K2 é a segunda montanha mais alta do mundo. Com 8614 metros de altitude, só perde para o “vizinho” monte Evereste (8848 metros acima do nível do mar).

Denominado como “Montanha Selvagem” pelas dificuldades que impõe a quem o tenta escalar, foi explorada pela primeira vez por um europeu em 1856. É a segunda montanha com maior taxa de mortalidade entre os alpinistas (atrás do maciço de Annapurna, também nos Himalaias) e, também por isso, nunca foi escalada no inverno.

Até ao momento, só um português conseguiu concluir a ascensão do K2: João Garcia, a 20 de julho de 2007, sem recurso a oxigénio artificial.

Fonte: AO

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