Header Ads

«Barbies» dos Açores feitas em folha de milho tornaram-se peças de coleção



"São umas 'barbies'. Naquele tempo eram as bonecas com que nós brincávamos", diz a artesã Fátima Pacheco, 60 anos

As tradicionais bonecas de folha de milho, outrora brinquedos e hoje peças de colecção certificadas como artesanato dos Açores, são cada vez mais consideradas autênticas "barbies", feitas manualmente pela mesma família há duas gerações.

"São umas 'barbies'. Naquele tempo eram as bonecas com que nós brincávamos", afirmou à agência Lusa a artesã Fátima Pacheco, 60 anos, que, juntamente com a irmã e a mãe, fazem este produto artesanal na casa de família, localizada na freguesia da Salga, concelho do Nordeste, ilha de São Miguel. Foi Tibéria Correia, hoje com 85 anos, que começou a fazer bonecas de folha de milho para vender e ajudar a criar sete filhos "há mais de 30 anos", numa "época de pobreza e dificuldade".

A mesma actividade que continua a fazer até hoje. "Eu comecei a batalhar, batalhar e disse 'vou fazer uma boneca representando uma velhinha'. Foi a minha primeira boneca", disse a artesã sénior, que já perdeu a conta ao número de bonecas que fez, de vários tamanhos e feitios, porque "é preciso sempre inovar".

Tibéria Correia, que não sabe ler nem escrever, explicou que o ideal para fazer as bonecas é a folha do milho branco, mas também já tem usado folhas de milho de outros tons. Como às vezes lhe falta matéria-prima, a artesã pergunta frequentemente a quem entra em sua casa se tem milho para vender. "Se me tirarem isto da mão para fora, vou morrer mais depressa", diz, imune aos apelos dos filhos que lhe pedem para limitar o tempo que dedica a esta arte. "Mas eu sou teimosa", assume Tibéria Correia, orgulhosa de ver as suas bonecas apreciadas e a correrem mundo.

Além das bonecas de diferentes formas e tamanhos, esta família produz presépios em folha de milho, colares, anéis, brincos, porta-chaves, ímanes para frigoríficos, chapéus e quadros com flores, entre outros artigos que são comercializados em várias lojas nos Açores, Madeira e Portugal continental. Fátima Pacheco, que começou a ajudar a mãe a fazer bonecas há 15 anos, adiantou que umas levam várias folhas de milho, verga, esferovite para a cabeça, apontamentos de tecido ou flores, entre outros materiais. A artesã referiu que, "cada vez mais", recebem encomendas para casamentos, baptizados ou outros eventos, e, ao longo do ano, levam os trabalhos a feiras dentro e fora do arquipélago como forma de divulgar os trabalhos.

in p3.publico.pt

Sem comentários