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Wine in Azores: Em São Miguel, os vinhos fizeram a festa



Na Wine in Azores, que decorreu este fim de semana na ilha açoriana de São Miguel, os vinhos puxaram aos ingredientes e sabores da terra

Chega-se e fica-se logo de copo na mão porque ao gigantesco pavilhão de exposições da Associação dos Agricultores de São Miguel, na Ribeira Grande, vai-se pelos vinhos. O Wine Azores, que aconteceu este fim de semana, entre os dias 21 e 23, é um festival a juntar mais de uma centena de produtores de todas as regiões e vários cozinheiros. Oito edições consecutivas, a merecer lugar de destaque – depois da Essência do Vinho (Porto) e do Encontro com o Vinho (Lisboa), não há no País outra feira que junte tanta participação e entusiasmo. De quem produz e de quem, de copo na mão lá está, vai provando as novidades que chegam, na maioria, às garrafeiras e restaurantes. Para confortar o estômago – e porque aqui também se promovem o que de melhor se produz nestas ilhas –, está a zona de tasquinhas e petiscos: tábuas de queijos bem generosas, pratos de enchidos a juntar alheira de Santa Maria, morcela, linguiça, pé de torresmo e carnes fumadas, bolo lêvedo com manteiga e ainda a doçaria tradicional, como as Rosas do Egito de São Miguel ou as queijadas da Graciosa.

Pela bancada de cozinha, ao longo dos três dias, foram passado os cozinheiros convidados. Henrique Sá Pessoa (Alma, Lisboa), Hélio Loureiro, Renato Cunha (Ferrugem, Vila Nova de Famalicão), António Alexandre (Hotel Marriot, Lisboa), Arnaldo Azevedo (Hotel do Teatro, Porto), António Loureiro (A Cozinha, Guimarães), entre outros. Da Austrália veio Justin Jennings, a reunir grande curiosidade da plateia, sobre o que vai fazer a um naco de canguru. Traz no currículo a passagem, como chefe executivo, pela cadeia hoteleira Rydges Hotel e pelo restaurante The Whalebone Wharf, em Port Macquarie, a norte de Sidney, especializado em peixes e mariscos. A gerir atualmente uma empresa de catering ao domicílio, o chefe de 34 anos prepara-se para abrir um restaurante em Lisboa. Vai chamar-se DownUnder by Justin Jennings, tem abertura marcada para janeiro e do menu vão constar produtos australianos e portugueses.

Repetente nestas andanças é André Magalhães, da Taberna da Rua das Flores. O proprietário (com André Jordão) e cozinheiro deste restaurante no Chiado, em Lisboa, levantou-se cedo para ir apanhar as alfaces do mar, beldroegas, espinafre, beterraba e outras plantas do campo que aqui crescem junto ao Atlântico. E que serviram de inspiração para os dois pratos que ali preparou: aguachile, uma versão mexicana do ceviche, com cubos de lula que vão a “cozer” no leite de tigre – uma espécie de caldo com pimenta da terra (a substituir a malagueta), cebola, limão galego (típico dos Açores, a lembrar a lima do Brasil) e soro de queijo de São Miguel. E que há de acompanhar as lapas laminadas e abacate dispostos numa taça em camadas, finalizado com umas alfaces do mar crocantes, fritas em azeite. Já o cavaco foi escalfado em manteiga sem sal aqui produzida e uma pitada de açafroa, acompanhado por um kimchi – um vinagrete picante tradicional das Coreias, feito com vegetais fermentados em molho picante. E que nesta versão de André Magalhães levou rabanete, pés de beldroega, cebola, pimenta da terra e o tal limão galego. Tudo harmonizado – nome para o casamento entre comida e vinhos – com o Arinto dos Açores, um vinho branco produzido nos currais de lava da Ilha do Pico, pela Azores Wine Company, empresa fundada há dois anos pelo enólogo António Maçanita, a Insula Vinhos e Filipe Rocha, diretor da Escola de Formação Turística e Hoteleira de Ponta Delgada. Um consolo, ou como se diz em bom micaelense, ‘tá consolando para quem ali se juntou frente à tal bancada da cozinha.

in visao.sapo.pt

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