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Sara Freitas: do grupo de teatro Orpheu aos grandes palcos do Rio de Janeiro



A atriz terceirense faz parte da equipa de direção da peça que estreia este fim de semana no Teatro Porto Seguro “Quarta-feira sem falta, Lá em casa” protagonizada por Eva Wilma e Suely Franco.



É mulher, imigrante e atriz num país que poderá eleger Jair Bolsonaro como Presidente. Mas prefere não se manifestar sobre política e deseja que “seja uma eleição justa e quem ganhar, que venha para melhora a situação deste País que tanto amo!”

Chama-se Sara Temudo Valadão de Sousa Freitas e, como atriz, assina simplesmente Sara Freitas. Nasceu em Angra do Heroísmo, filha de bancários e é a mais nova de três irmãos. Intitula a família de bênção e garante que são o maior motivo de saudades dos Açores. Mas também preserva amigos de infância o que, acredita, só é possível em meios pequenos: “Sou uma sortuda por ter nascido e passado a infância e adolescência na Terceira. Até hoje mantenho amizades na Terceira, a maioria das quais desde o colégio com 3 anos, outras desde que nasci. Acho que isso só é possível acontecer, com tanta frequência, em meios pequenos. Pelo que me contam, fui uma criança muito calma, alegre e um pouco tímida.” Uma timidez que, diz, foi desaparecendo na adolescência com ajuda do teatro. Mas o teatro não foi desde sempre o sonho. “Antes de conhecer o teatro, queria ser professora primária ou educadora de infância. Também pensei em educação especial. Sempre gostei muito de crianças e imaginava-me sempre em trabalhos onde elas estivessem presentes.”

Depois, subiu ao palco pela primeira vez. “Com 14 anos entrei no grupo escolar de teatro "Orpheu" administrado pela professora Teresa Valadão. Foi amor à primeira vista. Ia para os ensaios com uma animação, que parecia que ia para uma festa. Quando a peça estreou e vi-me no palco com o teatro cheio, pensei que seria tão bom se conseguisse fazer isso o resto da vida.”

A seguir veio o medo de verbalizar esse sonho. “Lembro-me perfeitamente de ter dito à minha Mãe, durante uma conversa corriqueira no carro, que gostava tanto de teatro e que era tão feliz a fazê-lo que adorava um dia trabalhar na área". E a mãe Alexandra teve uma resposta surpreendente: "Sara, tu tens tanto jeito, porque é que não tentas entrar no curso superior de teatro em Lisboa? Mesmo que não sigas como atriz, podes dar aulas de Teatro!". A atriz garante que naquele momento os seus olhos brilharam.

Foi a não entrada em Lisboa que catapultou a terceirense para o Brasil. “Tentei entrar na Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa. Há muita concorrência para entrar naquela escola e não consegui. Teria de esperar um ano para tentar de novo. A minha mãe tinha férias marcadas para o Rio, naquele ano. Decidi ficar aquele ano lectivo na Terceira a trabalhar como auxiliar de educação infantil, parando 2 meses (Janeiro e Fevereiro de 2005) para ir ao Rio de Janeiro fazer workshops de teatro para me preparar para as provas da Escola Superior de Teatro no ano seguinte.

“Quando cheguei à Escola de Teatro do Rio gostei tanto da forma como viam e ensinavam teatro, que decidi que queria fazer o curso todo lá. Voltei a Portugal, fiz as malas e em agosto rumei ao Brasil para iniciar o curso. Já lá vão 13 anos.”

O fascínio pelos atores brasileiros também pesou na escolha: “sempre foram uma grande referência para mim. Desde pequena que gosto das telenovelas brasileiras. Gosto da maneira natural que representam”. À chegada, Sara diz ter encontrado um país com uma natureza deslumbrante, gente alegre e acolhedora, com muitas dificuldades mas muito batalhadora.

Durante o curso de teatro que durou 3 anos participou numa novela. Depois do curso acabar fez provas para o musical "O Sítio do Picapau Amarelo" e foi aceite naquela que seria a sua primeira peça profissional.

Não lhe peçam é para escolher entre teatro e televisão. “Teatro é a minha base, nele sinto-me muito segura. Aliás, teatro é a base de todo o ator. Televisão é super interessante, também quero muito e vou fazer. É tudo muito rápido e técnico e o ator tem que se adaptar a isso.” A açoriana também não gosta de escolher os trabalhos que mais gostou de fazer, mas consegue escolher os mais relevantes: "Mais respeito que sou tua Mãe", "Rain Man" e "O bom canário".

Enquanto atriz Sara recordou, em entrevista ao Açoriano Oriental, alguns momentos marcantes da sua carreira: “As crises de riso são o meu ponto fraco! Uma vez eu e a Cláudia Jimenez tivemos uma tão grande, que tivemos que parar e voltar onde estávamos antes de dar o ataque de riso. Outro momento: num dia de temporal, no Rio de Janeiro, estávamos no meio de espectáculo "O bom canário" e a luz do teatro faltou. Para que a peça não acabasse no meio, o público acendeu as lanternas dos telemóveis e fizemos com aquela luz mesmo. Foi lindo!”

A açoriana já pisou palcos com nomes como Miguel Falabella, José Wilker, Alexandre Reinecke, Cláudia Jimenez, Danielle Winits, Susana Vieira, Marcelo Serrado, Rafael Infante, Anderson Muller, Fernanda Paes Leme, Rainer Cadete, Julio Rocha, Érico Brás, entre outros.

Este fim de semana integra a equipa de direção da peça "Quarta-Feira, sem falta, lá em casa”, com as veteranas Eva Wilma e Suely Franco no Teatro Porto Seguro. Sara auxilia o diretor Alexandre Reinecke  na encenação e ajuda as atrizes na construção da personagem.

A estreia acontece este fim de semana de eleições no Brasil, situação que preocupa muito a portuguesa: “O Brasil está na maior crise que já vi desde que cheguei há 13 anos. Estamos numa crise política e financeira. Espero que as próximas eleições revertam esta situação. É claro que a crise afeta diretamente os atores porque a cultura fica sempre em último lugar, infelizmente. Mas tenho esperança que tudo vá melhorar, o Brasil é um país rico e vai dar a volta.”



in acorianooriental.pt

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