Esta ilha portuguesa é a mais isolada da Europa, era refúgio de piratas e tem mais vacas que habitantes
Ilha do Corvo: A Mais Isolada da Europa, Refúgio de Corsários e com Mais Vacas que Habitantes
A Ilha do Corvo, situada no arquipélago dos Açores, destaca-se por ser a mais isolada da Europa, conferindo-lhe um caráter verdadeiramente singular. Embora não seja considerada a mais bela do continente, o seu isolamento e autenticidade tornam-na um destino praticamente único e cheio de encanto. Curiosamente, a ilha é conhecida por ter mais do dobro das vacas em relação ao número de habitantes.
A menor das ilhas açorianas
Com apenas 17 km², o Corvo é a menor das ilhas dos Açores. Mede cerca de 6 km de comprimento e 4 km de largura, sendo também a ilha mais a norte do arquipélago. Formada por um único vulcão extinto há aproximadamente 2 milhões de anos, localiza-se a apenas 24 km da ilha das Flores. A viagem entre ambas pode ser feita em cerca de uma hora de lancha rápida. Em 1993, foi construído um pequeno aeroporto com pista de 850 metros, o que facilitou as ligações aéreas com o restante arquipélago.
História e povoamento
A ilha foi descoberta por volta de 1450 e a sua história esteve sempre fortemente ligada à ilha das Flores. O povoamento só começou no século XVI devido ao isolamento geográfico e à ausência de um porto seguro. Durante séculos, o Corvo serviu de refúgio para corsários — navios autorizados a atacar embarcações inimigas. Os habitantes trocavam alimentos e ajudavam a reparar embarcações em troca de proteção e sustento.
Vila Nova do Corvo: a menor comunidade da Europa
A Vila Nova do Corvo, único núcleo urbano da ilha, é considerada a comunidade mais pequena da Europa. Em 1832, recebeu foral de D. Pedro IV, como reconhecimento pelo apoio nos conflitos entre Liberais e Absolutistas. No século XIX, a chegada de baleeiros americanos levou muitos jovens corvinos a emigrar, atraídos pelo trabalho nos navios. Essa emigração prolongou-se até à década de 1970, mudando a economia local, que passou a depender mais das remessas de emigrantes do que da tradicional troca de bens.
Modernização tardia
A eletricidade só chegou ao Corvo em 1963 e as primeiras linhas telefónicas em 1973. Antes disso, as comunicações eram feitas por rádio e, em tempos ainda mais remotos, até por sinais de fumo. Estas melhorias marcaram uma grande evolução nas condições de vida locais.
População e economia
No final do século XIX, a população rondava os 1000 habitantes, mas atualmente não ultrapassa os 400. A principal atividade económica é a agricultura e a pecuária, com destaque para a produção de queijo. Curiosamente, existem mais vacas do que habitantes: o número de bovinos ultrapassa os 800.
Tradições e hospitalidade
Os habitantes do Corvo são conhecidos pela hospitalidade. Os turistas são sempre bem-vindos e é comum as portas das casas permanecerem abertas, numa comunidade onde todos se conhecem e confiam uns nos outros. A ilha preserva ainda um dialeto próprio, resultado do isolamento e da influência de expressões de português arcaico.
O Caldeirão do Corvo
O ex-líbris da ilha é o Caldeirão do Corvo, uma cratera vulcânica com cerca de 3,5 km de diâmetro. O vulcão, extinto há milhões de anos, tem o ponto mais alto no Morro dos Homens, com 718 metros de altitude. As suas encostas descem abruptamente até à costa, exceto no lado sul, onde se encontram os campos de pastagem e a Vila Nova do Corvo.
Costa vulcânica e naufrágios
A costa da ilha, de origem vulcânica, é marcada por falésias e pequenos ilhéus. Ao longo dos séculos, representou um desafio à navegação e vários naufrágios ocorreram na zona — alguns até provocados intencionalmente pelos habitantes em tempos de maior necessidade.
Ilha do Corvo: um destino único nos Açores
Pequena em dimensão mas enorme em identidade cultural, história e paisagem, a Ilha do Corvo é um destino que conquista pela autenticidade. Ideal para quem procura tranquilidade, natureza intocada e uma experiência cultural única, este pequeno pedaço dos Açores é verdadeiramente imperdível.
Fonte: Postal.pt
Deixe um comentário