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Batalha da Salga: espanhóis derrotados com vacas açorianas




Já ouviu falar da Lenda da Brianda Pereira e da Batalha da Salga? É uma história incrível!

Portugal tem uma história fascinante e um povo criativo, pois apresenta uma riqueza incrível e incomum em lendas. Já ouviu falar da Lenda da Brianda Pereira e da Batalha da Salga?

Ao longo de quase nove séculos, existiram diversos episódios históricos que merecem destaque. Portugal tem uma história vasta, diversificada e fascinante. Muitos momentos históricos são enriquecidos com lendas.

Os portugueses revelam uma boa capacidade para a criação de lendas, existindo diversas associadas a vários momentos históricos ou a determinadas construções. Muitas lendas encontram-se associadas a um património histórico relevante. Uma das lendas mais fascinantes é a lenda da Brianda Pereira, já ouviu falar?

Batalha da Salga: espanhóis derrotados com vacas açorianas
A Lenda da Brianda Pereira
A Batalha da Salga ocorreu no dia 25 de julho de 1581. Este foi um momento da História da Terceira de grande relevância. Na defesa da Ilha e do arquipélago, foi usada a população, mas também os touros.




Momento histórico
Em 1578, D. Sebastião morreu em plena batalha de Alcácer Quibir, mais precisamente a 4 de agosto, algo que contribui para o surgimento do mito de D. Sebastião, pois foi o início do fim de uma dinastia.

Como o rei não tinha casado, nem tinha filhos, primeiro, foi o Cardeal D. Henrique, que lhe sucedeu, pois o seu tio-avô era o seu parente mais próximo. Contudo, esta foi uma solução provisória, pois D. Henrique era velho e a sua posição religiosa (e respetivo voto de castidade) impediu-o de deixar herdeiros.

Apenas dois anos depois, D. Henrique morreu, em 1580, abrindo assim uma crise de sucessão, pois não deixou herdeiros diretos, nem apontou o sucessor.

Luta pelo trono
Na batalha pela coroa, havia 3 candidatos, foram eles: D. Catarina, Filipe II de Espanha e D. António, Prior do Crato. Contra a vontade da Alta Nobreza, D. António, Prior do Crato foi aclamado rei em Santarém, apesar dos nobres serem apoiantes de Filipe II.

O rei Filipe II de Espanha via no nosso país um importante trunfo na estratégia do Império Espanhol. Por isso, aproveitou a oportunidade para assegurar o reino e enviou o seu exército para Portugal. Naturalmente, era um exército bem preparado, organizado, numeroso, por isso venceu os apoiantes de D. António – O Prior do Crato.

Quem foi D. António?
D. António nasceu na cidade de Lisboa, no ano de 1531, filho natural do infante D. Luís e também neto do rei D. Manuel I. D. António teve em Coimbra uma cidade especial, sendo o local onde estudou. D. António licenciou-se em 1551, em Artes, mas também estudou Teologia com os Jesuítas, em Évora.

D. António parecia assim mais destinado à vida eclesiástica. Contudo, não hesitou no momento de defender a causa da pátria e optou por empunhar a espada. Esta sua opção não foi bem recebida pelo cardeal Infante D. Henrique, nem pela rainha D. Catarina, tendo sido suspenso do priorado do Crato, em 1565, por instrução do Papa Pio IV.

A fuga
D. António perdeu a primeira batalha com o exército espanhol e acabou por refugiar-se na Terceira. Mesmo após esta derrota, D. António mantinha a ambição e foi na Ilha Terceira que encontrou o seu abrigo, provavelmente o único ponto de Portugal que ainda estava do seu lado.

D. Violante do Canto revelou-se um precioso apoio pois, com a grande fortuna que herdou em 1577, ela foi sustentando as tropas anglo-francesas que se encontravam estacionadas na ilha e que eram chefiadas por D. António. Desta forma, a Terceira centrou as atenções espanholas.

A História e a Lenda
É comum a lenda e a história ficarem de mãos dadas, a dançar de acordo com a música dos historiadores que podem ser mais ou menos rigorosos. Assim, vai ficando difícil decifrar e distinguir uma da outra e identificar os factos.

No dia 25 de julho de 1581, Pedro de Valdés comandou a esquadra espanhola, visando a conquista da ilha açoriana. Pedro de Valdés liderou um exército bem apetrechado, levando até à ilha portuguesa 10 navios com 1000 homens de guerra. Ao tentar desembarcar na baía da Salga, ele foi surpreendido com a reação dos locais, que conseguiram vencer as primeiras investidas.




A lenda de Brianda Pereira
Brianda Pereira distinguiu-se nesta fase dos combates. As searas e as casas existentes nas imediações foram incendiadas pelas tropas espanholas e também foram aprisionados homens.

Bartolomeu Lourenço, marido de Brianda, encontrava-se entre os prisioneiros, ferido. Brianda Pereira liderou uma revolta, demonstrando força e garra, o que permitiu motivar os terceirenses a lutarem.

O gado
O religioso Agostinho Frei Pedra foi importante num momento em que a batalha endureceu, pois lembrou-se de usar gado bravo como forma de se opor ao exército espanhol. Reuniu um milhar de bovinos e, com a ajuda de gritos e tiros de mosquete, lançou-os em fúria contra o exército espanhol. Uma estratégia que permitiu aos populares prepararem nova defesa da Ilha.

Além disso, a fuga do gado bravo permitiu que centenas de castelhanos tivessem morrido, seja nos combates ou afogados, enquanto 50 espanhóis terão regressado para os navios. Assim, foi uma estratégia que enfraqueceu os espanhóis, que foram derrotados de forma humilhante.

Brianda Pereira continuou a liderar os locais, incentivando-os a lutar até ao fim. Por isso, Brianda Pereira tornou-se numa heroína da batalha dos portugueses contra os espanhóis. O povo local não desistiu de lutar nos 2 anos seguintes.




O espírito do povo
No dia 13 de fevereiro de 1582, foi enviada a Filipe II a famosa carta de Ciprião de Figueiredo, que era corregedor dos Açores. Na carta, Ciprião afirmava: “antes morrer livres que em paz sujeitos”, frase que hoje é um símbolo do espírito dos Açores e do povo local.

Os terceirenses foram exemplares defensores da independência de Portugal, mas em 1583 a Terceira acabou por ficar no poder dos espanhóis, que na época eram comandados por D. Álvaro de Bazán.

O papel do gado bravo nessa batalha e que ajudou na luta pela independência de Portugal está presente na heráldica dos Açores, onde surgem os touros representados.

Conclusão
Os Açores são um destino deslumbrante, com uma beleza natural sem igual. Existindo diversos encantos que devem ser conhecidos por todos os portugueses, há também uma história fascinante, que revela o espírito do povo local e que também espelha o de todos os portugueses.

Curiosidades
Nesta Batalha, participaram (e sobreviveram) dois ilustres escritores espanhóis, Lope de Veja e Miguel de Cervantes, autor da famosa obra D. Quixote de la Mancha.


Texto de Márcio Magalhães  em ncultura.pt

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