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Jovem advogada abre escritório em Ponta Delgada

 


ILA- Fale-nos um pouco de si. Quem é a Rute Machado?

RM - Nasci em Ponta Delgada, em 1987, no ano em que Portugal e a China assinaram o acordo para a transferência da soberania sobre Macau para a China.

Efemérides à parte, fui criada numa família tradicional, com um irmão mais novo 14 meses, onde nunca faltou amor, carinho e atenção.

Da infância à juventude dividi-me entre Ponta Delgada, Maia e Furnas. Posso dizer que sou o resultado de uma simbiose perfeita entre o centro urbano, o vale e mar.

Tive uma infância feliz, rodeada de amigos, primos e com muito contacto com a natureza, entre os piqueniques da Família e os longos dias de praia, que iam até ao sol se pôr.

 

 ILA - Ser Advogada foi uma escolha por vocação?

RM -Estaria a mentir se dissesse que ser advogada era um sonho de criança. Aliás, confesso que me custa  compreender quando oiço colegas dizerem que sabem que queriam ser advogados desde bem pequenos e que nunca pensaram noutra profissão antes, pela simples razão das crianças não perceberem, ao certo, o que é um advogado. Podemos fazer um teste com qualquer criança até aos 7/8 anos e perceberão o que digo.

Ainda nem pensava propriamente na Advocacia e a carreira que mais me atraía era o jornalismo. O que significa que pensei, durante alguns anos, em ingressar no curso de comunicação social.

Mudo de ideia essencialmente no final do 10ª ano, tinha eu 15 anos, quando alguns colegas e professores, dada a minha personalidade forte, aguerrida e com senso de justiça que se distinguia dos meus pares, e porque, segundo eles, tinha, já com aquela idade, um bom poder de argumentação, por isso deveria ser advogada.

A persistência e persuasão eram características bem vincadas desde muito nova, reconhecidas pelos inúmeros educadores que tive a felicidade de ter na minha vida, incluindo, claro, a família.

Frequentemente (e curiosamente ainda hoje), ouvia daqueles que comigo se relacionavam (e relacionam) a expressão “essa não se deixa vergar”.

Recordo-me que na escola, inclusive no secundário, era costume ser eu a porta-voz da turma, sempre que nós, jovens cheios de “sangue na guelra” queríamos reivindicar algo, nem que isso se traduzisse num simples pedido de alteração da data do teste, nas vésperas do mesmo.

A certeza surge quando, no 12º ano, o professor de filosofia e diretor de turma de então, me diz que o curso de direito era o que me assentava, pois ele achava que o meu sentido de justiça, alinhado ao poder de argumentação e o à vontade em falar “em público”, trazer-me -iam muita felicidade.

Não se enganou. De facto, não me vejo noutra carreira ou a exercer outra profissão que não a que escolhi em julho de 2005, quando me candidatei ao curso de direito e entrei naquela que foi a minha primeira opção – Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

 

ILA - Conte-nos como foi o seu percurso Académico e Profissional.

RM -Aos 18 anos, em 2005, entrei na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, mais conhecida como Universidade Clássica de Lisboa, onde me licenciei em 2009.

Logo após a licenciatura, inscrevi-me no Mestrado em Ciências Jurídico – Forenses, através do qual me tornei Mestre, em 2012.

A par do Mestrado, realizei um estágio profissional no Tribunal Central de Instrução Criminal, através do qual trabalhei diretamente com o Juiz Carlos Alexandre.

O contacto direto com o funcionamento dos Tribunais e a oportunidade de ter estado de perto de “Super Processos”, inspiraram o tema da minha tese de mestrado – “Os conhecimentos fortuitos nas escutas telefónicas”.

Em novembro de 2011 regresso a São Miguel, afinal já diz o ditado que “o bom filho a casa torna”.

Foi então que iniciei o meu percurso como Advogada Estagiária, na Sociedade de Advogados BPLD& Associados, onde permaneci, como Advogada Associada, até dezembro de 2019.

Em janeiro de 2020 aceitei o convite para ser Adjunta do Conselho de Administração da Portos dos Açores, onde adquiri competências específicas na área marítimo-portuária.


Quer durante a colaboração com a BPLD, quer depois, de entre as áreas do direito que marcaram minha atuação estão a assessoria jurídica a empresas de natureza pública e privada que muito contribuíram para o enriquecimento de todo o meu percurso profissional.

ILA -Quais as suas novidades profissionais?

RM -Como referi anteriormente, até dezembro de 2019 exerci advocacia integrada numa sociedade de Advogados.

Em janeiro de 2020 abracei um desafio que me foi proposto e saí da sociedade para assumir o cargo de Adjunta do Conselho de Administração da Portos dos Açores, da qual também era advogada.

Terminado o projeto, e porque tenho acompanhado e prestado assessoria a novos empreendedores, e depois de mais de 10 anos de experiência em diversas áreas, achei que os 34 anos eram a idade perfeita para iniciar o meu próprio projeto, que fosse “a minha cara” e que responda às necessidades das pessoas e do mercado.

 


ILA -Considera arriscada a escolha de abrir escritório sozinha?

RM -Só quem nada faz é que não corre riscos. Todas as decisões encerram, em si, um risco.

A ousadia é a arma dos empreendedores, dos que fazem as coisas acontecer. Há 15 dias escrevi um artigo para o Açoriano Oriental onde dizia que nos trinta (e até aos quarenta), estamos no auge da irreverência e da impulsividade. Não queremos perder tempo, mal se vive o presente para já se estar no amanhã. Não há problema que não se queira resolver.

Certamente que terei aquele friozinho na barriga muitas vezes. Algumas vezes assolada pela insegurança normal e saudável de quem se lança sozinho numa atividade onde há muita concorrência, incluindo sociedades formalmente constituídas, que contam com equipas que, cada vez mais, se especializam em uma área em específico, sobretudo numa região com as limitações que todos nós conhecemos, mas também tenho a certeza que esse mesmo friozinho será de orgulho, com a certeza de que a competência e a resiliência são factores chave para o sucesso, até porque só os “pássaros criados em gaiolas pensam que voar é uma doença”.


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